sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

DEPRESSÃO....CURA....

Sinto essa vida, essa existência nesse planetinha (um grão de areia entre outros zilhões, maiores ou menores, diferentes, com ou sem formas de vida, todos nessa incomensurável praia cósmica que é o Universo – ou seria “que são os Universos”???) como uma experiência essencialmente difícil, sofrível, dolorosa e angustiante. Triste mesmo, quase sempre deprimente.

Digo isso, pensando não só na minha própria existência (cheia de dolorosas decepções comigo mesmo, em todas as áreas da vida), mas também na de outras pessoas, ou melhor, na de todas as pessoas, da humanidade como um todo, pois, vejo que, objetivamente, a maior parte da população terrestre teria motivos palpáveis para se sentir ainda pior, mais triste e deprimida, mais desgraçada do que eu. Essa consciência do sofrimento alheio (pelo menos, considerando o aspecto objetivo de suas existências individuais e coletivas) não me faz ficar menos infeliz, por me achar relativamente privilegiado, antes, integra o quadro geral dos motivos da minha tristeza.

Por outro lado, ter consciência da vida suposta ou aparentemente feliz de um certo grupo de pessoas - seja ele o grupo de cidadãos objetivamente privilegiados (a elite econômica, social e cultural do planeta), sejam quaisquer outras pessoas não elitizadas, mas que, ainda assim, subjetivamente, são felizes, parecem felizes, consideram-se felizes ou se dizem felizes – ter tal consciência, de um ou outro desses dois grupos, não é o suficiente para que eu me sinta mais feliz, já que fazendo ou não parte deste primeiro grupo, objetivamente privilegiado, dizendo-se ou não felizes, as pessoas - todas as pessoas - me parecem, na verdade, muito mais infelizes do que elas podem imaginar ou perceber, pela própria condição de ser humano que lhes é intrínseca, independentemente de quaisquer circunstâncias individuais ou trans-individuais tidas como positivas ou negativas pelo senso comum.

Mas, agora, o mais terrível e surpreendente: ora, se realmente a vida é essa experiência sofrível e deprimente, se não há motivos para se alegrar com essa vida, então por que não cometer suicídio, desistir de continuar existindo, seja de forma direta (pulando de uma ponte, p.ex), seja de forma indireta (adotando um estilo de vida auto-destrutivo, com má alimentação, uso de tóxicos e todo tipo de prática não propriamente saudável)???? E mais: por que não convencer racionalmente as pessoas de que suas vidinhas tediosas e fracassadas são deprimentes e incentiva-las ao suicídio??? (Bem, essa é fácil: seria preso, julgado e condenado à prisão, por tal crime previsto no Código Penal Brasileiro. Eis um ótimo motivo, não?)

Resposta: por dois motivos. Primeiro, porque essa vida terrena (essa fugaz e precária existência nesse graozinho microscópico de areia, planeta Terra, esse cisco, perdido na periferia dessa imensidão sideral) é tudo o que realmente sabemos que temos. Tudo o mais são suposições, crenças e esperanças. É questão de fé.

Por mais dolorosa que seja essa existência terrena, o que me garante que, se optar por destruí-la, escapar dela, fugir dela, quem garante que continuarei existindo como indivíduo consciente de mim mesmo como tal, em algum outro locus universal??? E, se houver esse tal locus onde continuarei existindo, o que me garante que tal outra existência não possa ser até pior, mais dolorosa e mais deprimente do que a vida que possuo agora, minha atual existência – tudo o que eu sei concretamente que tenho????

Nunca ninguém provou a existência de nada mais além dessa nossa microscópica e minúscula existência precária aqui na Terra e, ao menos por enquanto, nada indica que será possível provar algo sobre isso, que parece ser mesmo uma matéria insuscetível de observações empíricas, medições ou quantificações racionais e matemáticas (científicas).

Além disso, há a questão de que, se Deus realmente existir, não me parece que, em regra, irá deixar de aplicar ao suicida as devidas e também dolorosas conseqüências desse abominável ato que é tentar acabar com a própria existência. Há, então, que se temer a justiça de Deus e as conseqüências de ato tão grave como o suicídio.

Conclusão: fugir da dor dessa existência terrena, praticando suicídio, em qualquer de suas modalidades, pode ser uma faca de dois gumes. As conseqüências desse ato podem ser ainda mais dolorosas e sofríveis do que a própria existência na Terra. Logo, o melhor ainda é mesmo escolher o pior dos males, isto é, viver essa vida deprimente que temos nessa Terra. Melhor do que nada, não é? E como diria Branco Mello, dos Titãs (única banda nacional de rock que realmente me impressiona): “Querer sentir a dor, não é uma loucura; Fugir da dor, é fugir da própria cura.” Salve Titãs!

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